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Nota pública ABEE: Eletricidade não tem cor mas provoca danos irreparáveis


O caso emblemático do apagão no Estado do Amapá, que deixou 700 mil habitantes sem energia por intermináveis horas e continua com fortes racionamentos, é apenas mais um caso envolvendo eletricidade, desta feita com gravíssimo dano social e econômico.

A Diretoria da Associação Brasileira de Engenheiros Eletricistas – ABEE vem a público se solidarizar com aquela população e exigir uma ação enérgica e criteriosa da ANEEL, como Agência Reguladora e órgão de Estado, na apuração do sinistro elétrico. E mais, antes de qualquer iniciativa de socializar o prejuízo, dividindo a conta com os demais brasileiros, deve-se aplicar severa punição àqueles que deram causa ao acidente na subestação de energia que deixou de operar e apagou, literalmente, 13 municípios daquele estado. Acesse documento assinado.

Do ponto de vista de planejamento energético houve, anos atrás, a decisão de interligar aquele estado ao SIN- Sistema Interligado Nacional. Foi então construída uma LT de 230 kV em sistema radial, incluindo a subestação com três transformadores, considerando-se, no caso, um como reserva para a sua plena e segura operação. Até agora tudo aponta para uma falha no ambiente da manutenção. Inclusive, um segundo equipamento já apresentava problemas, agravando o plano de reserva previsto para aquele sistema de transmissão radial.

Para os engenheiros do setor, não há espaço para relaxamentos e redução nos pré-requisitos da operação e da manutenção ou qualquer tergiversação no enfrentamento de acidentes com energia elétrica. Há de se registrar que alguns leilões homologados pela ANEEL, com excessivos deságios, um deles chegando a percentuais de 73,93%, são considerados por especialistas como sendo extremamente perigosos. Ao longo da cadeia produtiva, desde o projeto até a plena operação, os concessionários vencedores podem efetuar ajustes nas tabelas de preços de subcontratação, recaindo de forma negativa na fase final de operação, quando da seleção de equipes de manutenção meramente pelo critério do menor custo. Para a ABEE, não pode ser negligenciada a importância de se contratar equipes de manutenção qualificadas. Assim sendo, a ANEEL deve rever com urgência alguns critérios de suas planilhas que compõem seus preços de referência.

O apagão no Amapá, pelos reflexos nocivos, gerou forte reação da sua população e por isso passou a ser noticiado em todo o território nacional. Mas os problemas do Amapá não são únicos. Outros acidentes acorreram com proporções e danos diferenciados. E novos acidentes ocorrerão, haja vista o nível de relaxamento no cumprimento de formalidades legais.

Exemplo trágico dessa displicência foi o incêndio no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, com danos materiais e culturais irreparáveis, frutos de um acidente elétrico causado por profissional sem a devida qualificação técnica e legal, isto é, sem formação na área de engenharia elétrica.

Outro incêndio, que ceifou a vida de 10 promissores jovens atletas para o futebol, ocorreu nas dependências do Clube Regatas do Flamengo, também por acidente elétrico, ainda em apuração para identificar os responsáveis. E mais, só neste ano de 2020 já foram registrados em torno de 30 acidentes em unidades hospitalares do país, alguns com vítimas fatais, todos decorrentes de origem elétrica.

O episódio trágico do Amapá, no dia 3 de outubro de 2020, que causou um caos econômico e social, deve servir de lição preciosa para que haja uma revisão urgente no modelo vigente.

A Diretoria e os engenheiros eletricistas pertencentes aos quadros da ABEE e suas filiadas regionais continuarão vigilantes quanto ao cenário nacional, colocando-se à disposição das autoridades constituídas para colaborarem em Grupos de Trabalho, Conselhos ou qualquer representação que tenha por atribuição institucional a operação, fiscalização e gerenciamento de sistemas de geração e distribuição de energia elétrica, bem indispensável ao desenvolvimento social e econômico do país.

Rio de Janeiro, 18 de novembro de 2020.

Eng. Eletric. José Antônio Latrônico Filho Presidente da ABEE Nacional Coordenador das Câmaras Especializadas de Engenharia Elétrica do Confea

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