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“A vida, desde seu início, não conquistou o planeta pela força e sim pela cooperação, parcerias e trabalho em rede”. A frase, do físico e escritor austríaco Fritjof Capra, serve perfeitamente para este momento de pandemia. Mais do que nunca, o segredo da nossa sobrevivência está na hospitalidade cooperativa. E como esta hospitalidade pode acontecer a partir do trabalho remoto?
Via de regra, as estações de home office (computadores, mesas e cadeiras) estão fora das normas ergonômicas, diferente do ambiente empresarial, onde há o monitoramento das Cipas (Comissões Internas de Prevenção de Acidentes), no caso das organizações de maior porte.
Estima-se que as empresas estejam economizando em média 15% dos gastos com cada trabalhador - suspensão do vale transporte, dos gastos com o café, energia elétrica e custos de manutenção. Mesmo que algumas organizações - raras - disponibilizem equipamentos para o trabalho remoto, a carga está pesada. Estudos especializados revelam que no Brasil as pessoas trabalham cerca de 46% a mais nesse sistema. As mulheres têm sido as mais prejudicadas, com jornada ampliada para os cuidados com a casa e com os filhos.
Muitos escritórios cogitam em fazer uma jornada part-time em regime remoto, com o fim da pandemia. Nesse “novo normal” será imprescindível a criação de políticas de acolhimento para uma massa de trabalhadores esgotados, sob forte stress físico e mental. Será a hora de promover reuniões presenciais, de não dispensar o café e o happy hour, os instantes de criatividade. E ainda será o momento de recorrer ao apoio de especialistas em artes e comportamento, em saúde e em capacitação para elevar a motivação das equipes, que estará abalada.
Afinal, o trabalho não pode apenas ser dominado por algoritmos e pela exposição acentuada às frequências cada vez maiores da internet (5G). Quiçá um novo modelo de convivência hospitaleiro, solidário e participativo possa emergir como uma das grandes lições do confinamento.
Gilberto dos Passos Aguiar
Engenheiro e escritor