Hoje vemos o Sistema CONFEA CREA sendo desacreditado por expressiva maioria dos seus profissionais em eventos do tipo eleição e todos os outros que exijam sua participação. Fatos, infelizmente indiscutíveis também se somam como a participação pífia em associações de classe. A maioria que sobrevive, está à beira da falência e o Sistema CONFEA CREA deixou passar uma recomendação do TCU em 2015 para deixar de repassar recursos da ART que as mantinham, e pouco ou nada eficaz se fez para reverter. A continuar assim, as remanescentes deixarão de existir e o Sistema não terá de onde tirar seus conselheiros e se igualarão às associações inexistentes por falta de sócios.
A crise continua nos seus currículos de graduação onde tópicos de Humanidades de tão poucos e mal dados, praticamente inexistem; some-se ainda um desequilíbrio entre Ciência e Tecnologia que também acabam influindo negativamente na qualidade do futuro profissional. Como resultado, se observa claramente quando este futuro se deixa para depois de formado. Ao contrário, por exemplo (vide literatura), estudantes de medicina e direito, desde suas primeiras fases são tratados pelos seus professores como médicos e advogados, exigindo-se desde então uma postura condizente. Infelizmente, isto não ocorre nas engenharias onde se os “treinam” para continuar sendo estudantes: isto mesmo, não treinam para ser profissionais pois a maioria absoluta dos docentes não são profissionais engenheiros. E a transição para a prática tornar-se-ia suave. E sabe-se de professores, especialmente do curso básico, que se orgulham de manter a média de reprovações sempre num mesmo nível ou coisa parecida. Disciplinas como estruturas (Aço, Madeira, Concreto Armado, e de outros materiais estruturais, bem como outras que exijam) tem sua cobrança em provas somente, nunca sob a forma de projeto; aliás, o projeto se tornou a maior causa de patologias e desastres, talvez por não ensinado como disciplina em algumas engenharias.
Deve-se pensar que muitas atitudes pessoais e mesmo coletivas nossas, fazem mal a sociedade. A desconsideração à manutenção, sem entrar em muitos detalhes, ainda passa despercebida pela sociedade. Entretanto, a falta de proatividade devido às nossa fraquíssimas habilidades sociais advindas da formação voltada somente a um conjunto de Ciência e Tecnologia pouco ou nada humanísticas, deixamos de exigir das entidades que prestamos serviços este requisito fundamental. Muito se tem a falar neste parágrafo.
Solução para estes problemas que se avolumam passa necessariamente pela revisão curricular assim como do perfil dos docentes de nível superior. Reformulação total se aplica às pesquisas e pós-graduação; nestes caso, as evidências apontam na graduação por se criar uma mescla entre professores de pesquisa e dos que trabalham na prática; para estes últimos, o crivo de entrada na universidade deve ser por entidades profissionais atuantes no mercado. A extensão universitária deve se equilibrar com a docência e pesquisa como se trata na Constituição, sendo que a primeira deve prioritariamente, buscar resolver os problemas nas empresas ou sociedade (em geral) trazendo-os, sempre que possível, para dentro da Academia. Nas pesquisas, que os critérios de temas prioritários ao país sejam passados por uma comissão de entidades desvinculadas do governo que atuem no mercado com alguma participação do Sistema CONFEA CREA escolhidos para este fim.
Por último, que a origem das mudanças de tudo, está no Ensino Básico e Fundamental, onde os exames PISA nos colocam apenas acima dos países paupérrimos tanto da América quanto da África; isto se torna aviltante à sociedade e afeta o futuro da engenharia. E que as creches sigam também o preceito constitucional, ou seja, para filhos(as) de trabalhadores de modo que nesta etapa de formação do cérebro das crianças estejam bem alimentados e convenientemente formados colocando todos egressos do ensino básico e fundamental em igualdade de acesso ao ensino superior.
Por fim devemos nos voltar à natureza, onde muitos exemplos, como o radar, se tiraram da zoologia, continuem a serem buscados. Precisamos aguçar nossos sentidos ao que está ao nosso redor e humildemente retirar dos aparentemente simples tecer da aranha, das fibonacianas formas de crescimento das plantas, dos números áureos, de fibras vegetais, enfim para dar o devido valor ao ambiente de modo que a sustentabilidade seja incorporada ao pensamento por convicção e não por obrigação.
Comentários