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Febrageo descreve a necessidade de investimentos geológicos no país

Última atualização: 21/02/2022 às 09h35

Presidente da Febrageo, Fábio Reis, descreve os principais desafios das áreas de risco como Petrópolis
Presidente da Febrageo, Fábio Reis, descreve os principais desafios das áreas de risco como Petrópolis

Brasília, 21 de fevereiro de 2021.

Uma análise situacional do contexto geológico brasileiro é apresentada pela Federação Brasileira de Geólogos (Febrageo), em nota divulgada neste domingo (20/2) e em entrevista à Globo News do presidente da entidade, Fábio Reis. Sobre os deslizamentos em Petrópolis, o presidente da Febrageo comentou à emissora que “o Brasil já tem uma política bem estabelecida de procedimentos operacionais que envolvem medidas estruturais e não estruturais em casos de gestão de riscos geológicos”. De imediato, o professor Fábio acredita ser necessário fazer o controle das várias áreas que ainda podem estar em risco e também das equipes que estão trabalhando no local.


“Mas, de forma mais ampla, temos medidas estruturais, que já são muito bem conhecidas, as obras de contenção, de drenagem, realocação de população. E tem as medidas não estruturais, não relacionadas a questões físicas que envolvem o mapeamento geológico e geotécnico das áreas de risco, a questão do Plano de Defesa Civil que geralmente é gerenciado pelo Estado ou pelo município e também pelos planos de contingência e emergência, sistema de monitoramento e alerta, treinamento e educação. Todo esse contexto é muito bem conhecido e funciona quando está atrelado a uma gestão competente, a uma gestão contínua e constante. O grande problema que nós temos no Brasil é justamente a falta de continuidade nas políticas públicas. Isso causa uma série de problemas, como estamos vendo hoje em Petrópolis e vimos isso recentemente em Minas Gerais, Bahia e São Paulo”, diz.


Fábio Reis considera ainda que “um dos grandes problemas é que a população não é treinada para verificar e agir em situações de risco”. Os locais de risco precisam estar muito bem sinalizados, com rotas de fuga em caso de alagamentos ou qualquer processo que possa acontecer naquele local. A população precisa ser treinada e saber para onde tem que se direcionar. “Às vezes, essa tomada de decisão são alguns segundos ou minutos, nessa situação de inundação, caso contrário, você fica à mercê do próprio processo. A gente vê isso em Petrópolis, no Brasil inteiro. As pessoas não são preparadas, treinadas, não têm formações para situações que nós chamamos de emergência. E isso tem que estar dentro de um plano de contingência, uma das medidas não estruturais, fundamentais para que haja treinamento da Defesa Civil e de toda a infraestrutura ligada ao município e ao estado, mas também da população”, diz, lembrando que a mesma situação foi vista também nas barragens recentemente.


Entrevista à Globo News acompanhou nota publicada pela entidade, em que a Febrageo critica a visão de curto prazo da iniciativa privada e do poder público e defende medidas efetivas para o controle de risco
Entrevista à Globo News acompanhou nota publicada pela entidade, em que a Febrageo critica a visão de curto prazo da iniciativa privada e do poder público e defende medidas efetivas para o controle de risco

“A técnica é conhecida. Os processos geológicos que acontecem no Brasil são complexos, mas são menos complexos do que os terremotos, tsunamis e vulcanismos. Nas enchentes, existe uma série de sistemas que funcionam e possibilitam os alertas em que você consegue avisar a população de um evento pluviométrico intenso.


As pessoas têm que estar treinadas para que saibam que as áreas de risco nas beiras de rio ou nas encostas devem ser evitadas. Ou seja, se está em um momento e o rio começa subir, a pessoa tem que estar treinada para tomar uma decisão rapidamente, porque isso é questão de minutos ou segundos para serem tomadas. O próprio Centro de Tráfego Urbano tem que estar pronto para fechar as vias. As áreas de risco deviam estar fechadas, sinalizadas e a população, devidamente orientada. Isso é só um ponto. A gente precisa rever não a técnica, mas a gestão pública”.


O presidente da Febrageo também repetiu um ponto da manifestação da entidade, considerando ser preciso rever a política do Estado Mínimo, que traz consequências “nefastas e criminosas” para a população em longo prazo. “Nós precisamos rever isso, tanto na gestão pública, como na gestão privada”. Segundo ele, em 1999, na Venezuela, 30 mil pessoas morreram em uma enchente, acompanhada pelo fenômeno conhecido por “corrida de detritos”, em que grandes blocos rochosos se deslocam em alta velocidade sobre leitos de rios. “Espero que o Brasil não espere uma grande catástrofe como esta, associada à corrida de detritos para tomar uma atitude, porque as consequências ainda podem ser muito maiores do que as de hoje em dia”.


Henrique Nunes Equipe de Comunicação do Confea https://www.confea.org.br/


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