Desde criança meu pai me levava a ver construções com muito entusiasmo! Aos 14 anos, sabia que queria ser engenheira e não vacilei em sair de casa, saindo do interior para estudar interna. Depois morei em pensão, sempre contando com a confiança do meu pai para fortalecer meus propósitos, mas sempre tendo que decidir sozinha quando os desafios que se apresentavam.
Prestei vestibular para Engenharia Civil em Florianópolis em 1966, sendo a única mulher aprovada, no meio de mais de oitenta colegas, sendo muitos deles amigos até hoje! Me formei em 1972, junto com outra colega e outros tantos (mais de cem!) engenheiros. Já casada, atuei em 2 empresas construtoras em Floripa por 4 anos e neste período recebi proposta para atuar em cidade do interior do Paraná com minha própria empresa de construção. Foi um desafio animador e para lá nos mudamos. Levei comigo um técnico em edificações e um pedreiro/carpinteiro. Uma mulher engenheira e estando grávida para conferir ferragens ou definir o que e como fazer para o empreiteiro “com anos de experiência” ...não foi fácil! Passados 4 anos, meu marido dentista, conseguiu viabilizar seu sonho de negócio o que implicava voltar para Florianópolis e desistir da minha empresa em seu melhor momento.
Minha família é minha maior empresa e minhas duas filhas, minha maior riqueza. Chega minha terceira filha e vejo como foi difícil carregar e administrar a vida profissional e familiar sozinha sem a participação masculina. Em Floripa, trabalhei por 6 anos em empresa do governo, mas minha alma estava inquieta. E então passei a me dedicar por 20 anos a construir residências, desde o projeto, construção à ambientação e esse foi o melhor desempenho da minha carreira profissional!
E chega o momento em que a dedicação a mim mesma e aos netos, esses pedaços melhores de nossas vidas, falam mais alto. Quero viajar, estudar uma nova língua, e poder de alguma forma, fazer parte da vida dos meus filhos e netos!....estar aberta para novas experiências, novos desafios é realizar em mim, o meu melhor. E, esse pode ter sido a maior lição que minha formação como engenheira civil me propiciou. A Sensibilidade, característica maior da mulher e mãe, certamente conduziu meus passos.
Florianópolis, (no dia da mulher de) março de 2021
Aladi Bueno Becker, turma de engenheiros de 1972 da UFSC
(Na ACE, tenho como colegas Laudioni DalPont e Roberto de Oliveira)
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